Ação ocorre até esta sexta-feira (21), no prédio da Câmara de Conciliação.
FOTO: ASCOM/DPE-RR
Ailan Rocha (centro), de 32 anos, diz que se sente respeitado ao ter sua história ouvida.
“Eu vim transformar o meu nome, nascer de novo”. Foi com este desejo que o microempreendedor Ailan Rocha, 32 anos, homem trans, solicitou a retificação de nome e gênero, durante o mutirão “Trans-formando Identidades”, promovido pela Defensoria Pública de Roraima. Ele considera que está sendo respeitado pelo Estado com essa oportunidade.
“Esse ato é importante porque eu estou conseguindo realmente aprender a viver feliz, me importando, me priorizando, porque nos meus 32 anos eu não me aceitava, eu tinha um preconceito comigo mesmo e o medo também da humanidade. Eu estava muito ansioso por esse dia, porque não é o que eu quero, é o que eu sou. E ver a importância que o Estado está dando, até mesmo para ouvir nossa história, o quanto ela foi dolorosa. Hoje a gente está sentindo muita felicidade, a gente só quer respeito. Respeitar e ser respeitado”, finalizou.
FOTO: ASCOM/DPE-RR
O Mutirão ainda oferece o serviço de reconhecimento de maternidade e paternidade socioafetiva.
O mutirão é realizado em parceria com a Vara da Justiça Itinerante, Ministério Público, Receita Federal, Instituto de Identificação Odílio Cruz e entidades de defesa dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+. A ação acontece até esta sexta-feira (21), das 8h às 13h, na Câmara de Conciliação da DPE-RR, na Av. Cap. Ene Garcez, 1696 – São Francisco.
A defensora pública Elceni Diogo, destacou o cuidado e respeito da equipe durante o atendimento individualizado. Ela ressaltou que para os casais que desejarem, também é ofertado o reconhecimento de maternidade ou paternidade socioafetiva na ação.
“A gente tem muita consciência de que o nome envolve uma questão íntima e, em muitas pessoas, a falta desses reconhecimentos gera um sofrimento muito grande. O primeiro serviço oferecido é a retificação de nome e gênero na certidão de nascimento e, em consequência, nos demais documentos que nascem a partir dessa modificação, ou seja, na identidade, no CPF, sendo os serviços que estamos disponibilizando”, pontuou.
FOTO: ASCOM/DPE-RR
Ana Lívia da Conceição Silva, 22, considera a oportunidade uma conquista da comunidade trans.
HISTÓRIAS DE VIDA: A atendente de gelateria Ana Lívia da Conceição Silva, 22 anos, mulher trans, já sofreu preconceito por conta do nome que não condizia com sua identidade. Ela considera essa oportunidade uma conquista para a comunidade.
“Pessoas já foram atrás do meu documento para saber meu nome morto, mas me acho uma pessoa muito forte por aguentar até aqui, porque muitas pessoas desistem por conta do preconceito e por conta do que falam. Para nós, trans, que entendemos o que passamos a cada dia, é gratificante, é uma conquista nossa. Eu fico muito feliz de ter essa oportunidade, que esteja ocorrendo esse projeto para nós, porque assim ganhamos mais visibilidade”, disse.
Rick Rodrigues, 21 anos, homem trans, faz acompanhamento médico hormonal desde a adolescência e decidiu agora alterar seus documentos para validar sua identidade. Ele elogia a DPE-RR e acredita que todos os estados do país deveriam promover ações semelhantes.
“No começo eu não iria mudar meu nome, pois ele se encaixa nos dois gêneros, mas eu percebi que as pessoas não saberiam me chamar no masculino, como eu me sinto. Já sofri muito preconceito por me chamarem no feminino. Eu me assumi com nove anos para a minha mãe e comecei a transição um pouco depois, no ensino médio. Sempre quis fazer tudo certo, sendo acompanhado, comecei a fazer o tratamento hormonal também. Agora, com 21 anos, já tenho um tempo de transição. Eu acho muito importante a Defensoria promover essa ação, pois é o nosso direito que está sendo colocado. Eu acho que todos os estados deveriam fazer isso, para encorajar as pessoas a serem o que elas são, que têm apoio”, enfatizou.
FOTO: ASCOM/DPE-RR
Rick Rodrigues, de 21 anos, elogiou a iniciativa da DPE-RR e disse que outros estados deveriam realizar ações como essa.
CASAMENTO COLETIVO: Um dos objetivos da ação é servir como preparação para o Casamento Coletivo “Enfim Casados” – Edição “Toda Forma de Amar”, em parceria com a Vara Itinerante do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima e o Cartório do 1º Ofício – Loureiro, com vagas para 30 casais homoafetivos, residentes de Boa Vista.
O edital já está disponível e as inscrições vão ocorrer entre os dias 24 de junho e 05 de julho, na sede do Cartório 1º Ofício – Loureiro (Av. Ville Roy, 5636 – Centro), horário das 08h às 15h. O casamento será realizado no dia 26 de julho de 2024, às 16h30, em local a ser definido e divulgado posteriormente.
Para participar do casamento, os interessados devem serem brasileiros/as ou migrantes internacionais, com residência em Boa Vista e maiores de 16 anos; solteiros, legalmente divorciados ou viúvos; possuírem todos os documentos necessários; declararem que não possuem recursos para custear uma cerimônia de casamento própria; não haver nenhum impedimento legal para casar-se e estarem cientes de todos os requisitos que constam no edital.