O caso revelou insuficiência de investigações e o direito à ampla defesa
Tribunal do júri reconheceu as lacunas nas investigações e a ausência de provas que incriminassem os réus, Foto: ASCOM/DPE-RR
A Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR) garantiu a absolvição de dois réus venezuelanos acusados de homicídio, após o Tribunal do Júri reconhecer insuficiência nas investigações e a ausência de provas concretas. O caso, concluído no encerramento do calendário do Tribunal do Júri deste ano, revelou erros de identificação e reforçou a importância do direito à ampla defesa.
“A Defensoria Pública desempenhou um trabalho de excelência. Embora a injustiça já tenha ocorrido com a prisão dos acusados por dois anos, conseguimos evitar um mal ainda maior: a condenação de inocentes”, afirmou a defensora pública Elisa Rocha, responsável pela defesa de um dos réus.
Foto: ASCOM/DPE-RR
A defesa, conduzida pela defensora Elisa Rocha e pelo defensor Roceliton Joca, destacou que não existiam elementos que ligassem os acusados ao planejamento ou execução do crime. O tribunal do júri reconheceu lacunas nas investigações e a ausência de provas que incriminassem os réus, levando à absolvição de ambos.
A DPE-RR reiterou a importância de investigações criteriosas e do respeito ao devido processo legal para evitar que inocentes sejam responsabilizados por crimes que não cometeram.
Elisa explicou que houve insuficiência na apuração dos fatos: “A investigação se baseou apenas em um relatório policial que apontava filmagens dos acusados indo para ruas próximas ao local do crime, supostamente uma boca de fumo perto da rodoviária. No entanto, as imagens eram de baixa qualidade e não permitiam identificar claramente quem eram as pessoas, mencionou.
Foto: ASCOM/DPE-RR
Roceliton reforçou a importância do trabalho da instituição. “Nosso papel é essencial para esclarecer a verdade contida nos autos, especialmente quando pessoas estão presas injustamente. Este resultado é reflexo do compromisso da Defensoria Pública em garantir justiça e proteger os direitos fundamentais dos nossos assistidos, enfatizou ele.
O CASO: O homicídio ocorreu em 2022, quando a vítima, que havia saído do sistema prisional horas antes, foi alvejada nas proximidades da rodoviária por um atirador ainda não identificado.
Carlos Antônio Domingues, um dos acusados, admitiu estar no local do crime, mas sem qualquer envolvimento com a vítima ou o autor dos disparos. Ele foi preso injustamente sob a acusação de homicídio e porte ilegal de arma de fogo, embora não possuísse armamento. Domingues permaneceu encarcerado por 2 anos, 1 mês e 10 dias, respondendo por crimes que não cometeu.
Já Carlos Antônio Ruiz, o outro acusado, foi preso em Joinville (SC) devido a uma confusão envolvendo o nome semelhante ao do réu e uma tatuagem no braço com o sobrenome “Domingues”. Ruiz vivia em Joiville com a família, trabalhava regularmente e estava reconstruindo a vida quando foi detido. Ele permaneceu preso por dois anos até que o defensor Roceliton demonstrou que ele não estava no estado de Roraima no momento do crime. Ambos os casos expuseram a falta de identificação do verdadeiro autor dos disparos e a inclusão de pessoas no processo sem evidências concretas contra elas.
*Neste material foi utilizado nome fictício para preservar a identidade dos assistidos.